BEN FALA SOBRE OS CINCO ANOS DO WISHFUL THINKING E COMO O ÁLBUM MUDOU SUAS VIDAS

Ontem o primeiro álbum da banda, 'Wishful Thinking', completou cinco anos. Ben aproveitou a comemoração para falar com a revista Rock Sound sobre como foi o processo de começar a ver o Neck Deep como uma banda após o lançamento desse álbum e como influenciou outras bandas do Reino Unido. Confira a tradução a seguir:

Antes do Neck Deep, o Pop-Punk e o Reino Unido eram duas coisas que você nunca viu lado a lado. No entanto, quando a banda lançou seu primeiro álbum há 5 anos, tudo mudou. Nós conversamos com o vocalista Ben Barlow sobre o legado do álbum e como era importante para ele e para a banda.

Incentivar um movimento nos dias de hoje é fazer algo realmente especial. Trazer um elemento para a mesa que muda completamente o curso das coisas de uma forma que ninguém poderia prever deve ser celebrado e lembrado pelo maior tempo possível. Durante anos, a paisagem pop-punk do Reino Unido era estéril. As bandas tentaram ao máximo romper os bastidores e as barreiras em que haviam entalhado os dentes, mas nada estava se mexendo. A América sempre foi o lugar onde o gênero prosperou e se espalhou e parecia que continuaria assim. O Reino Unido estava precisando de um chute no traseiro. Uma banda precisava aparecer e dar vida a uma comunidade que estava engasgada por ar. Um movimento precisava acontecer.

Então o Neck Deep lançou seu primeiro álbum e o mundo virou de cabeça para baixo.

O preparo para o álbum foi um choque cheio de emoção e promessa. A banda apareceu em radares musicais em todo o país graças a uma única faixa ('I Couldn't Wait To Leave 6 Months Ago'), publicada no Bandcamp, que se materializou em seu rápido e furioso EP 'Rain In July'. A notícia se espalhou como um incêndio, com mais e mais ouvidos se familiarizando com essa nova geração de bandas britânicas e com 'A History Of Bad Decisions' logo em seguida. Eles foram então abocanhados pela lendária Hopeless Records como sua primeira banda baseada no Reino Unido. A febre do momento foi atingida. A expectativa era alta. Felizmente a banda tinha alguns truques na manga.

"Se os EPs foram apenas nós nos divertindo e divulgando o material, 'Wishful Thinking' foi a primeira vez que tratamos e abordamos Neck Deep como uma banda de verdade", explica Ben Barlow. "Nós tínhamos um pouco mais de vento em nossas velas e uma ideia mais clara do que queríamos que a banda fosse e onde queríamos ir com ela. Foi a primeira vez que tivemos um pouco de responsabilidade sobre nossos ombros e talvez até mesmo um pouco de pressão. Este foi nosso primeiro lançamento com um selo real e foi como 'caramba'."

Embora cada música em 'Wishful Thinking' tenha sua peculiaridade e personalidade, como um todo, o álbum é um instantâneo do que significa crescer, amar e aprender com seus erros nos dias modernos. A paixão adolescente de 'Sweet Nothings', a narrativa de 'Damsel In Distress', o desenfreado 'What Did You Expect', tudo se mistura para criar um trabalho onde cada pessoa que entra em contato com ele pode encontrar algo para se agarrar. Então você tem a entrega perfeita de 'Losing Teeth', a jovialmente pulverizada 'Staircase Wit' e a tristeza de 'Candour'. E quem poderia esquecer o maravilhosamente vibrante 'Crushing Grief' e o playground de 'Growing Pains'. O fato de o foco do álbum saltar da dor para o prazer, para o propósito no espaço de um preenchimento de bateria, é um teste para a área de interesse que a banda estava tentando cobrir, mesmo que eles nem percebessem.

Enfim, 'Wishful Thinking' era pop-punk, mas não como conhecíamos. Foi vibrante e cheio de vida, mas com todos os diferentes sabores de emoção lançados. Embora os antepassados ​​do gênero sejam homenageados, seus elementos são abarrotados até 11 e recebem um novo ciclo de vida para uma geração faminta por algo mais fresco e frutoso. É desconexo, deformado, apaixonado e quase impossível de ser ignorado.

"Com os dois álbuns que se seguiram [Life's Not Out To Get You, de 2015, e The Peace And The Panic, de 2017] tivemos uma direção e uma ideia claras do que queríamos fazer e um verdadeiro propósito por trás disso", Ben comenta. "Com 'Wishful Thinking' não havia muito disso. Talvez seja isso que aprendemos com ele, que um álbum precisa de propósito ou algo mais por trás. Acho que, no final das contas, foi uma enorme curva de aprendizado para nós. Éramos tão jovens e tudo ainda era um conceito mental para nós. Parecia muito uma fase de transição. Nós aprendendo que era assim que tudo funcionava."

A batida em efeito que o disco tinha era diferente de tudo que realmente veio antes. Bandas britânicas encontraram uma nova confiança e se colocaram mais e mais como por exemplo ROAM, Trash Boat e As It Is flexionando seus músculos no cenário mundial. A atração de Neck Deep como uma das bandas mais empolgantes que o gênero tinha a oferecer trouxe os estilos de Trophy Eyes, Knuckle Puck, Real Friends e Seaway do outro lado do mundo para fazer shows ao lado deles. A cena estava muito mais unida do que nunca e continuava crescendo e crescendo.

"Eu não acho que o que fizemos foi algo particularmente inovador, mas acho que foi uma declaração de que a próxima grande onda chegou", Ben admite. "Para a cena britânica, foi a prova de que você poderia ser do Reino Unido e fazer pop-punk decente e também ser semi-sucedido com isso. Eu acho que isso fez muitas outras bandas perceberem que havia um lugar no mundo para esse tipo de coisa. Nós definitivamente não éramos a primeira banda britânica de pop-punk e certamente não seremos os últimos, mas acho que ajudamos a impulsionar tudo na direção certa. Nós éramos a prova de que você poderia fazer isso em tempo integral."

Tudo o que é necessário para derrubar uma linha de dominós é um pequeno empurrão. Uma vez que o catalisador colocou as coisas em movimento, não há como parar o que acontece a seguir. De muitas maneiras, o pop-punk do Reino Unido estava apenas esperando por uma banda como Neck Deep aparecer e fazer as coisas acontecerem. Embora o que se seguiu nos últimos anos seja o que os ajudou a alcançar o tipo de altura que somente as bandas mais especiais podem escalar, sem o 'Wishful Thinking' não haveria um novo caminho a ser percorrido. Sem 'Wishful Thinking', a cena britânica não teria sentido a onda de confiança necessária para chegar lá e mostrar ao mundo do que é feito.

Sem 'Wishful Thinking', onde exatamente estaríamos?

Fonte: Rock Sound