[EXCLUSIVO] BEN FALOU COM A GENTE SOBRE O ATUAL MOMENTO DO NECK DEEP

 


Após alguns anos da nossa primeira entrevista exclusiva com Ben Barlow em 2018 antes dos shows aqui no Brasil, falamos novamente com ele sobre o atual momento da banda, o que esperar das novas músicas e retorno da banda ao Brasil. Ben falou bastante como se sentiu com o último álbum da banda e como será o novo álbum. Confira a tradução da entrevista completa:


Carla: Como você se sente no momento atual do Neck Deep? A banda está voltando para suas origens, certo?

Ben: Boa pergunta. Eu acho que é um momento importante pro Neck Deep. Eu diria que é empolgante. Sentimos que somos os melhores compositores que já fomos. Aprendemos muito com o passar dos anos, sabemos o que os fãs querem e isso se alinha com o que nós queremos fazer. Então estamos muito empolgados. Estamos nos divertindo escrevendo música. Estamos gostando de descobrir como isso será. Inclusive estamos gravando agora mesmo. Literalmente agora estão gravando bateria e estão todos no stúdio aqui no final do corredor. As novas músicas do Neck Deep estão acontecendo logo alí.

Carla: E você está gostando?

Ben: Acho que é subjetivo. Os garotos e eu estávamos conversando sobre termos que descobrir o que gostamos. A gente tem que escrever algo que não gostamos muito, experimentar algo que talvez não gostamos muito, para então sabermos o que realmente gostamos. Isso pode ser frustrante no processo criativo. Nem sempre é divertido e alegre. Mas, quando você quebra essas barreiras, é quando se torna divertido e empolgante. É tudo parte do processo. Estamos curtindo fazer isso, mesmo com o lado ruim disso. Mesmo que alguns dias ficamos tristes de algumas vezes não parecer certo, estamos nos sentindo bem o suficiente para passar por cima disso. Acho que todos estamos com a atitude certa sobre isso. 


Thaís: Como você se sente com a repercussão de Heartbreak Of The Century? Todo mundo amou a música, estão dizendo que o antigo Neck Deep voltou... Então como você se sente?

Ben: Era exatamente isso que nós queríamos. Queríamos escrever uma música que soasse como o ND. Como disse antes, nós sabemos o que os fãs querem, então isso foi um teste nosso com os fãs tipo "ok, aqui está uma música BEM pop-punk". E as pessoas amaram, então estamos felizes. Acho que é por isso que estou empolgado, STFU e Heartbreak Of The Century foram uma forma de testarmos para ver o que as pessoas pensavam. Então, o fato que todos gostaram é legal. Nós iremos escrever mais músicas que soem dessa forma. 


Carla: Em All Distortions Are Intentional vocês estavam experimentando bastante coisa nova. Em Heartbreak Of The Century e STFU vocês voltaram ao Neck Deep que conhecemos. Isso foi intencional ou aconteceu naturalmente?

Ben: Aconteceu meio naturalmente, porque nós tínhamos que experimentar... Aprendemos muito com o ADAI. Então aconteceu naturalmente porque não queríamos escrever outro álbum que parecesse com o The Peace And The Panic ou Life's Not Out To Get You, queríamos nos forçar a mudar um pouco e fizemos um álbum diferente de todos os nossos álbuns, incluindo esse novo. Isso nos deu um espaço para que quiséssemos voltar a escrever músicas como as que estamos escrevendo agora. Agora nos sentimos prontos pra isso. Tipo "ok, experimentamos, tentamos algo diferente e aprendemos muito com isso". Eu me sinto bem em voltar a escrever esse tipo de música depois de tentar escrever algo que praticamente não fosse pop-punk. Temos que experimentar e tentar coisas diferentes, ver até onde conseguimos ir. 


Thaís: Quais foram as inspirações para escrever os dois últimos singles?

Ben: Muitas das músicas do Neck Deep são todo os meus pensamentos misturados. Eu acho que STFU foi um pouco sobre mim, mas também foi influenciada pelo que estava acontecendo no mundo. Tenho escutado bastante punk, hardcore, pop-punk clássico, tipo Green Day (que eu sei que odeia ser chamado de pop-punk, mas eles são). Então tento trazer um pouco disso no que fazemos. Eu queria que fosse uma música com um pouco de raiva e ao mesmo tempo triste. É assim que me sinto grande parte do tempo. Eu fiquei muito orgulho dessa letra. E com Heartbreak Of The Century nós não queríamos pensar demais nisso, só queríamos escrever algo que soasse como ND e algo triste, como um término, porque sempre dá certo. Todo mundo gosta de uma música de término e você não tem que levá-la muito à sério, eu mesmo não tenho que levá-la muito à sério porque não estou passando por isso. Então é uma música divertida, não sou eu sofrendo literalmente. Só estou me divertindo e escrevendo músicas que espero que ajudem as pessoas a passar por isso. Ou só mesmo escrever uma música que fique na cabeça. É o que normalmente fazemos: escrevemos muitas músicas sérias que eu acho que as pessoas se identificam, mas também tentamos músicas que nos fazem sentir bem, mesmo que seja algo que te faça querer dançar ou te faça sentir algo. Isso é o que sempre procuramos: músicas que tragam algum sentimento. O vídeo de Heartbreak Of The Century foi talvez um dos que mais gostamos de fazer. Foi super divertido. 


Carla: Qual sua música preferida que já escreveu? E qual a melhor para tocar ao vivo?

Ben: Talvez In Bloom. Como eu disse antes [sobre música que faz sentir algo], ela me faz sentir bem. Provavelmente também é uma das minhas preferidas pra tocar ao vivo. Mas também amo Gold Steps, Can't Kick Up The Roots, Motion Sickness... Motion Sickness também gosto muito de tocar ao vivo e até mesmo Crushing Grief. Qualquer música que seja mais "rápida". Mas também tem December... é uma ótima música ao vivo também. É difícil de escolher. Resumindo, o top 3 seria In Bloom, Motion Sickness e Crushing Grief, só para colocar também uma antiga. December, principalmente de uns anos pra cá, tem tocado bastante em vários lugares, principalmente no mês de dezembro. E é muito louco isso. Está se tornando quase que uma música de natal (risos). É legal saber que nossas músicas mais antigas são tipo um clássico nosso e eu amo isso.


Carla: Sobre o novo álbum, o que você pode nos contar?

Ben: Vai ter muita coisa ainda... E um anúncio, eu espero que, LOGO. Não posso dizer muito sobre quando será lançado. Mais pro final desse ano ou talvez no começo do ano que vem. 


Thaís: O que podemos esperar do novo álbum?

Ben: Por enquanto tudo o que temos é BEM pop-punk, são músicas mais "rápidas", mas ainda temos espaço para outros tipos de música também... Vamos ver como vai se desenrolar. Tem uma música em particular que eu estou MUITO ansioso. Ela não é igual à In Bloom, mas tem a mesma energia de In Bloom. Essa música, espero eu, será lançada como single, então vocês irão escutar antes do álbum todo ser lançado.


Thaís: Tem alguma música que você achou que teria uma boa recepção, mas quando lançou, não foi o que imaginou?

Ben: I Revolve (Around You) foi uma... Eu ainda amo essa música. Não foi tão grande quanto pensávamos que seria. Ainda amamos o ADAI, mas acho que grande parte disso foi por conta do COVID, porque não pudemos fazer uma turnê com esse álbum. Então achamos que tem muita gente que não gosta desse álbum, mas talvez seja porque não tocamos muito ele também. Ninguém consegue agradar todo mundo. Nós tínhamos que experimentar e escrever esse álbum. Eu não consigo pensar em nenhuma banda (sem contar o blink-182) que eu goste de todas as músicas, ou até mesmo todos os álbuns. Mas sabe, você vive e aprende, e isso é um dos exemplos. Sabemos agora o quão longe podemos ir. Talvez encontrar um meio termo. Porque ainda tem músicas que estamos escrevendo agora que não soam como o ADAI, mas tem influências de coisas que aprendemos nesse álbum. 


Carla: Alguma coisa já te fez pensar em desistir da banda? Acabar com o Neck Deep? O que você fez pra não desistir?

Ben: Acho que o COVID no geral, porque nos fez pensar "bom, agora não podemos fazer shows e não podemos nem mesmo nos juntar pra gravar". Acho que essa foi a única vez que eu de verdade estava considerando minhas opções de futuro. Além disso, não. Claro que existem dias frustrantes que são difíceis. Estar em uma banda é quase como estar em um outro namoro. As emoções e as vidas das pessoas são muito ligadas à isso e somos tão próximos, temos que considerar os sentimentos uns dos outros o tempo todo. Temos que trabalhar juntos o tempo todo, e acho que isso é o que faz parecer com um namoro. E, como em todos os relacionamentos, tem momentos bons e ruins, momentos que sua cabeça está tão cheia que você fica puto e quer desistir. Mas isso normalmente é porque você não está se sentindo bem, tem algo ruim acontecendo etc. 

Carla: O que você faria se o Neck Deep acabasse?

Ben: Só por conta da posição que estou no momento, onde eu poderia começar meu próprio negócio, eu provavelmente iria começar algum negócio de comida. Eu amo comida e é algo que eu sempre gostei de fazer. Agora, se eu tivesse mesmo que sair do Neck Deep e entrar em um emprego, acho que eu iria querer continuar escrevendo. Sempre gostei de escrever música e sempre fui capaz de escrever. Mas, acho que eu abriria mesmo uma pizzaria e relaxar. Passar meu tempo andando de bike, skate, viajando, conhecendo lugares... Eu só estou tentando viver uma boa vida, não focar nas coisas que não importam, não focar em impressionar ninguém. Só viver por mim. Eu sou um cara bem simples. É louco como o Neck Deep fez o que fez. Pessoas como eu não tem a oportunidade de fazer isso. Tem muitas pessoas como eu que escrevem muito bem, tem boas ideias, mas ou não começam a fazer o que querem ou simplesmente não conseguem. E é complicado. Então, se eu não estivesse no Neck Deep, seria como qualquer um, e estaria feliz com isso. Pensei muito nisso por conta do COVID, sobre o que me faria ter uma vida feliz e é bem simples, mas eu sou muito sortudo de ter o Neck Deep. Honestamente, somos muito sortudos de ter os fãs que temos, e não digo isso da boca pra fora. Eu sinto que nossa banda significa muito pras pessoas. Eu escrevo músicas pra ajudar as pessoas e música que são feitas para as pessoas se identificarem. É claro que também escrevemos músicas para nós mesmos, mas sempre pensamos no que os nossos fãs querem. E o fato de que as pessoas se identificam e é uma conexão tão forte como essa, faz com que as pessoas continuem fãs da banda pra vida toda. É muito louco ver nossos fãs crescendo junto com a gente. Tem fãs que estão desde o começo e continuam indo aos shows, até fãs levando os filhos nos shows agora. Essa é a banda que sempre quisermos ser. Agradeço as palavras que vocês disseram, porque é nossa vida também, e quando estamos pra baixo ou meio perdidos, tem centenas e centenas de pessoas pelo mundo, se não milhares talvez, não sei, que amam nossa música. E quando você pensa nisso, é como se tivéssemos que achar um jeito de seguir em frente e parar de pensar nas coisas ruins. Significa muito que vocês se importem tanto com o Neck Deep.


Thaís: Vocês pretendem anunciar um baterista oficialmente?

Ben: Não sei. Temos que falar com o Powles sobre isso. Acho que só estamos aproveitando o que temos no momento. Matt [Powles], que está tocando bateria para nós atualmente, tem feito parte da nossa equipe há muito tempo, uns 6/7 anos, nas turnês, no backstage etc. Então, ter o Powles na banda parece natural, parece que não temos que anunciar isso ou fazer disso algo grandioso. É estranho porque ele sente como se não estivesse na banda. Mas eu acho que não iremos anunciar isso não... Acho que vai acontecer naturalmente, não vai ter um anúncio oficial. É importante para nós termos alguém que conhecemos, amamos e nos importamos fazendo isso. Ele é um dos nossos amigos mais próximos, como disse, há um bom tempo, já tinha tocado bateria com a gente, sabia as músicas... Então foi bem natural que isso acontecesse. Assim como quando o Sam entrou na banda, que também estava sempre junto com a gente e foi algo bem natural. Então acho que realmente não vamos anunciar, mas é bem capaz dele começar a aparecer em fotos promocionais da banda. 


O que todo mundo mais pergunta é: planos pra voltar ao Brasil?

Ben: Agora, com álbum novo nós com certeza iremos voltar pra América do Sul em geral. Com certeza terá São Paulo e Rio de Janeiro. Me lembro que da última vez tocamos também em Curitiba e Porto Alegre. Porto Alegre foi muito legal. Gostei de Curitiba também, foi muito bom. No Rio de Janeiro eu estava tipo "meu Deus". O show de São Paulo foi o melhor, eu acho, mas eu adorei todos os momentos no Brasil, foi muito divertido. Estamos planejando toda nossa turnê para depois do lançamento do álbum e vamos falar sobre o Brasil muito em breve. 


Ben também deixou um recado em vídeo para os fãs brasileiros e você pode assistir no nosso twitter CLICANDO AQUI.


Queríamos agradecer ao Ben por tirar um tempo e conversar (bastante) com a gente. Também agradecer todo mundo que participou em nossas redes sociais mandando perguntas. Esperamos nos encontrar na volta da banda ao Brasil!

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