ADAI | TUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE O NOVO ÁLBUM



Os meninos estão na capa da edição dessa semana da revista Kerrang! contando como foi a gravação do álbum e o que esperar, como foi a decisão da entrada de Seb Barlow para a banda, o que significa a capa do álbum e algumas explicações iniciais sobre a história do 'All Distortions Are Intentional'. Confira abaixo a tradução que fizemos dessa matéria para vocês:


Primeiro eles conquistaram o mundo do pop-punk. Agora eles estão criando seu próprio [mundo].

"[...] Neck Deep também esclarece o que eles estão aqui para alcançar: um álbum que os mude fundamentalmente das luzes principais do pop-punk para uma ótima banda e ponto final, transferindo esses grandes peixes de sua pequena lagoa para os oceanos infinitos. Não porque eles acham que isso é o que eles deveriam estar fazendo agora, mas porque é um ponto onde eles chegaram naturalmente.
"Pop-punk é de onde nós viemos, e a razão que estamos fazendo o que fazemos agora," diz West, não querendo desmerecer de onde vieram. "Começamos escrevendo pop-punk porque era o que ouvíamos naquele tempo. Naturalmente, com o passar dos anos, nós crescemos e os gostos mudaram. No [The Peace And The Panic], tínhamos músicas como 'Parachute' e 'In Bloom', que não destoariam desse álbum que estamos fazendo agora. Gostamos tanto de escrever e tocar essas músicas que a evolução natural foi fazer [o single fora do álbum] 'She's A God', e isso nos trouxe onde estamos agora. Não acho que teve nenhum esforço para nos afastarmos de onde estávamos, é apenas uma coisa natural que aconteceu."

"Para mim, o maior elogio para esse álbum seriam pessoas pensando que foi feito por reais artistas ao invés de rapazes comuns em uma banda," complementa Ben. "Somos mais do que idiotas amáveis – tem um level mais profundo no que fazemos. Evoluímos para pessoas criativas com gosto e visão, que esculpiram seu próprio lugar no mundo da música. Eu quero que as pessoas achem que Neck Deep não soa como nenhuma outra coisa – que soa como Neck Deep."

Não foram alterações no processo criativo da banda que trouxeram essa evolução, porque pouca coisa mudou desde o começo, onde Ben e seu irmão mais velho, Seb, tocavam música juntos no sótão de sua casa de infância. Apesar de terem mais espaço para tocar agora, a banda ainda tem uma linha de produção parecida. Eles gravam no estúdio anexado à casa antes de Seb, acomodado em um quarto no andar de cima, analisar o que foi feito, observando os ajustes necessários ou mixando as coisas que dão nota.

É um modelo do que bandas pequenas auto-suficientes deveriam desejar. E Monnow, estúdio localizado há 100 milhas de sua casa em Wrexham, parece se encaixar muito melhor do que os estúdios de Los Angeles, onde eles trabalharam no 'The Peace And The Panic', e começaram a escrever esse álbum – experiências não necessariamente de seus gostos.

"Parece que estamos aqui apenas com o propósito de fazer um álbum, enquanto em Los Angeles também tínhamos que apertar as mãos e fazer network e toda essa merda," diz Ben, explicando a principal diferença entre lá e cá, aquele tempo e agora. "Acordamos aqui há apenas alguns passos de distância do estúdio. Estar perto de casa traz grandes elementos de estresse da situação, também. Não temos que voar constantemente ou viver com uma mala. Eu sei que ainda não vou para casa, pois vamos trabalhar nisso até os últimos dias. Mas, psicologicamente, é confortante saber que eu poderia."

Longe de ir embora, Ben – o coruja sempre – regularmente fica acordado até tarde aqui, com uma taça de vinho na mão, gravando vocais ou ouvindo o que já tem gravado. Como resultado, ele é o último a acordar todos os dias. Às 14h, não faz muito tempo que ele acordou, tomando café e usando vapper enquanto ele explica como essas noites escuras trouxeram a "total imersão" que ele crava quando está fazendo um álbum, bem como tempo para entender o que é essa obra emergente.

"Já ter muitas músicas fortes é obviamente um grande impulso," diz Ben de material que, sob a administração livre do produtor Matt – um espírito criativo para quem nenhuma ideia é experimental demais – abre a porta para possibilidades musicais sugeridas apenas pelo The Peace And The Panic. O novo álbum traz influência do Sabbath e Oasis, assim como Weezer e Nirvana. "Também tem algumas com uma vibe Smashing Pumpkins," ele complementa. "Você não conseguiria dizer isso antes, não é?"

"É muito estranho pensar que isso é minha vida e posso fazer isso para viver," admite Ben nessa noite, a fogueira descongela um lado reflexivo que ele não revela prontamente. Ele está falando se o que ele e os amigos de banda alcançaram nesses anos fez com que seus caminhos mudassem ou não. É mais difícil para eles deixar as casas que compraram e a vida doméstica que construíram para fazer e entrar em turnê com um novo álbum? Ou saber o que o Neck Deep os deu faz com que fiquem mais ansioso para colher e desfrutar de suas recompensas?

"Com certeza!" diz Ben. "Minha atitude é que essa banda me deu tudo. Então eu tenho que continuar colocando tudo o que posso oferecer nisso." Isso é mais verdade do que nunca, tendo em vista que Ben, o contador de histórias, desenvolveu para o álbum uma estrutura narrativa para ajudar a canalizar suas ideias e fornecer um panorama para seus amigos de banda navegarem em estranhas e, muitas vezes maravilhosas, maneiras.

"Estamos tentando apresentar nosso som, como indivíduos e como banda, de uma forma que seja saborosa para a maior audiência," explica Dani. "Isso pode parecer uma ideia óbvia, mas não é. Se você vê a música como uma língua, você quer que o máximo de pessoas possível entenda a sua língua, o que não é fácil. Você não quer copiar mais ninguém, então você pega ideias interessantes e originais e as canaliza em algo maior que traz pessoas para dentro do nosso mundo."

De um modo geral, o arco conceitual que une o álbum diz respeito à vida, amor e questões existenciais contempladas por Jet, um personagem complicado que o cantor não se importa em admitir que é vagamente baseado em si mesmo. Jet vive em um lugar chamado Sonderland.

"'Sonder' é uma palavra alemã que significa a percepção de que todo estranho por quem você passa na rua tem uma vida tão brilhante e complexa quanto à sua," explica Ben. "Você é apenas mais um na história deles, e eles são apenas mais um em sua vida. Muito disso vem da forma como eu vejo o mundo, mas contada sob a perspectiva de um personagem."

West também não é novo nessa coisa de retribuir à banda que mudou sua vida. O guitarrista barbudo, tendendo o fogo para o lado oposto de Ben, está constantemente usando seu conhecimento acumulado de uma curiosidade ao longo da vida em como as coisas funcionam para criar eficiências para o Neck Deep. A ocupação de seu cérebro significa que ele geralmente é o primeiro a acordar de manhã, mesmo que ele não passe esse tempo extra tocando guitarra ou anotando ideias, mas sim aproveitando um tempo de jogo ininterrupto antes de começar o trabalho. Quando começa, você o encontrará grudado em seu notebook na mesa de jantar, trabalhando em outro elemento chave para o futuro da banda. Tendo treinamento em animação quando era mais novo, ele está tirando a poeira de habilidades que não usa há oito anos, para criar artes visuais para uma futura turnê. É coisa meticulosa, com cada elemento das flores que serão usadas durante 'In Bloom' nos shows criadas do zero, enquanto os tutoriais que ele assiste para usar como base permanecem à mercê de um péssimo wi-fi.

"Dividindo e conquistando é a melhor maneira de trabalhar porque estamos aqui por um tempo finito," explica West, que irá contribuir com ideias musicais, mas fica feliz em deixar Sam tocar as partes das guitarras no estúdio. "Se ele consegue gravar melhor do que eu, porque eu iria tornar as coisas mais lentas? É sobre focar em nossos pontos fortes."

West está demonstrando outro de seus pontos fortes no momento, desenvolvendo merch em seu iPad enquanto dá uma olhada confusa nos outros enquanto eles trabalham em uma música que está se mostrando bastante controversa. 'Lowlife' começou com um riff que Ben tocou num violão várias vezes durante a turnê com blink-182 e Lil Wayne, que seus amigos de banda estavam cansados de ouvir. Portanto, existem algumas sobrancelhas levantadas que estão sendo desenvolvidas de forma mais completa, particularmente agora que apresenta letra como "estou bebendo café em um trampolim".

"Eu não entendo," admite West para nós depois. "É definitivamente muito além de fora da nossa zona de conforto que estou acostumado."

Começo de fevereiro. Dois meses se passaram desde quem o Neck Deep deixou o estúdio,e eles parecem aliviados por estarem do outro lado, bebendo cerveja muito antes do horário que eles mesmos haviam colocado como regra no estúdio. Apesar do local calmo em que eles estavam da última vez que os vimos, vida sedentária, comida fácil e horas de trabalho antisocial trouxeram efeitos em seus focos. Quando Dani voltou para casa em Colwyn Bay, sua namorada olhou para ele e perguntou, "que porra aconteceu com você?"

Há perguntas maiores agora, aliás. Como por exemplo, por que seu novo álbum chama 'All Distortions Are Intentional' e não 'Sonderland'?

"Percebemos que [Sonderland] tirou um pouco do foco do álbum, colocando muito mais o foco no cenário fantástico do que nos personagens envolvidos", explica Ben, que está feliz que a faixa de abertura se chama 'Sonderland'. "'All Distortions Are Intentional' veio do artista que acabou fazendo a capa [Tom Noon]. Estávamos folheando suas coisas, e ele tinha uma peça com esse nome, e eu pensei que soava legal. É uma declaração que entra no álbum de várias maneiras. Nossos entendimentos e mal-entendidos na vida acontecem por uma razão, e em nossa jornada do ponto A ao ponto B há muitas flutuações emocionais, que fazem parte do todo. Este é um álbum de justaposições drásticas e escolhas criativas que podem nem todos fazer sentido logo de cara, mas são intencionais.”

Essa ideia é melhor ilustrada pela mudança sísmica lírica e musical entre as faixas cinco e seis. 'When You Know' é a música mais pop-punk tradicional do álbum, na qual Jet percebe que está apaixonado,  antes de dar lugar à pedreira ['Quarry'] glacial, que o encontra pensando em suicídio. A tristeza deste último veio de um lugar muito real.

"Por algum tempo, essa música estava me fazendo suar," diz Ben sobre 'Quarry'. "Porque Jet é feito de elementos da minha própria personalidade e psique, a percepção dele de 'É, e quero me jogar de um penhasco,' é um pensamento obscuro que tenho certeza que todos já tivemos em algum momento – e se tudo tivesse acabado agora? Eu me perguntei se eu tinha me aprofundado muito nisso. E então tem a escolha estilística – eu não diria que é rap, mas está mais para uma parte falada. Estou acostumado a ouvir minha voz cantando e não me importo, mas ouvir minha voz enquanto eu falo, e meu sotaque saindo, não pareceu com Neck Deep, porque era eu como eu mesmo. Levou um tempo para que eu aceitasse isso, mas dissemos à nós mesmos no começo [da gravação do álbum] que não deveríamos lutar contra o que surgisse, independente do que fosse."

Para provar os dividendos que essa filosofia pagou, observe que 'Lowlife' – uma composição bastante divisória em sua infância no estúdio – floresceu no primeiro single fascinante do 'All Distortions Are Intentional', a qual Ben considera como um "pilar". E mais ainda, a letra 'I like some purple with my tangerine', inspirada pelas cores intensas de certas partes da maconha, é diteramente referenciada na capa do álbum.

"Quem pensaria nessa porra?" ri West. "Acontece que essa música é brilhante. Então isso me ensinou a confiar no processo."

Outra mudança dramática é o fato de que hoje são cinco caras sentados aqui ao invés de quatro, a quinta figura é Seb, que parece nervoso. Sempre um membro por trás das câmeras do Neck Deep, que co-escreveu as músicas, produziu seus álbums mais antigos e mixou esse novo, o Barlow mais velho é oficialmente o novo baixista do ND. Em 2017 falamos com Seb e ele admitiu que se sente muito mais confortável atrás de um notebook do que em frente à um público, então essa notícia vem como uma grande surpresa. Dada sua importância na história da banda, no entanto, não há como negar seu compromisso. 

"Isso veio e ao mesmo tempo não veio do nada," diz Ben, que criou vontade de fazer performances ao vivo assistindo seu irmão tocar em shows locais quando eram mais novos. "Quando começamos a procurar por um baixista, Seb colocou seu nome no meio. Ele sempre diz que prefere trabalhar com bandas do que estar em uma, então pensei 'foda-se!' Isso não funcionou, porque não achei que ele estava em um momento de sua vida onde pudesse se comprometer totalmente. Depois de um ano, com todos nós em um lugar melhor, e Seb junto para escrever o álbum, as coisas estavam diferentes. O que me balançou foi sua confiança na ideia, sem nem ao menos um ar de incerteza. Sua confiança me trouxe confiança. Se Seb diz que vai fazer algo, ele vai até o fim."

"Faz muito sentido," complementa Dani. "Ele tem sido parte de todas as decisões que a banda já tomou. Foi ele quem me mandou mensagem anos atrás perguntando se eu gostaria de me juntar ao Neck Deep. Agora eu tenho a chance de tocar com ele, o que é muito especial."

Não há dúvidas de que o 'All Distortions Are Intentional' é especial também – o tipo de álbum que, de alguma forma, consegue manter a essência da banda pela qual você se apaixonou, ao mesmo tempo em que seu DNA drásticamente à ponto de você desistir de tentar adivinhar o que esperar. É uma aposta criativa? Dado que é preciso um salto tão grande quanto o de 2015, do Life's Not Out To Get You para o The Peace And The Panic, e então outro, então é um sim. Esse álbum irá agradar aos fãs que vieram esperando o inesperado? Definitivamente sim. Irá ganhar novos fãs que antes diriam que Neck Deep não é de seu gosto? Sem dúvida. Mas nada disso foi planejado, segundo West.

"Nós sempre dissemos que só queríamos fazer as maiores coisas que pudessemos," ele diz. "Espero que possamos tocar para grandes públicos no final do ano, mas um de nós perguntou, 'o que faremos depois disso?' Bom, eu quero que possamos fazer um show no Racecourse Ground (onde tem capacidade para 10.771 pessoas, casa do time Wrexham FC). Nós devemos muito à cidade; eu não teria conhecido Ben e Seb se não fosse à escola lá, e teria continuado trabalhando em uma loja ao invés de ficar brincando em um palco, então eu gostaria de retribuir de alguma forma."

Ben, enquanto isso, continua tão modesto quanto antes com suas ambições, apesar de todas as evidências sugerirem que eles estão agora com o álbum que irá mudar suas fortunas para sempre. Para o vocalista, crescimento na carreira e grandes shows, em casa ou fora, são mais que bem-vindos – "Nós queremos fazer as coisas legais, por que não iríamos querer?" – mas são menos importantes do que as pessoas intenderem o que o Neck Deep fez em 'All Distortions Are Intentional'.

"Eu só espero que as pessoas entendam," ri Ben. "Que faça algum tipo de sentido. A melhor reação seria se desse um estalo, assim como os últimos àlbuns fizeram, mesmo que eu entenda que esse é diferente. Nós assistimos esse álbum se encaixar enquanto estávamos fazendo, o que foi muito bacana, então eu quero que os outros tenham essa experiência também."


Ben também aproveitou para falar sobre o significado da arte do novo álbum. "Tentamos muitas coisas diferentes, com a ideia inicial de que queríamos diferente de qualquer coisa que já havíamos feito antes – menos ocupado, menos maluco. É uma imagem simples com uma paleta de cores despojada, então é simples e ao mesmo tempo impactante. Alguém da nossa empresa de gestão está namorando o Tom [Noon], e tinha um dos trabalhos dele no escritório dela e achamos muito legal. Encontrei com ele em London para falar sobre os temas do álbum e pensar em ideias. Acabamos com a "purple tangerine", a letra de Lowlife, com o mundo dentro. Eu vejo [essa arte] simbolizando Jet, o personagem principal, e quando ele se desenrola, ele chega a um acordo com o mundo."


Seb falou sobre finalmente se tornar um membro oficial da banda. "Eu sinto como se isso fosse feito para acontecer. Me senti mais conectado com esse álbum do que qualquer um que fizemos antes, e foi o processo mais fácil fazê-lo. O Neck Deep com quatro membros tem sido o mais forte que a banda pode ser, em termos de correr juntos e caminhar sem problemas, e, sem querer me gabar, achei que eu poderia ser a cereja do bolo para solidificar a banda como uma unidade. Eu sempre estive envolvido em tudo e eles sempre respeitaram minha opinião. Eu posso dizer coisas à qualquer um deles que talvez eles não pudessem dizer um ao outro, porque sempre estive um pouco de fora. Não acho que vou perder isso agora que estou tocando com eles. Eu trabalho com bandas há sete anos, então estou acostumado a gerenciar ideias de múltiplas pessoas."

"Ainda nem ensaiei com eles. Eu sou um bom cantor e bom baixista, mas combinar esses elementos em frente à 10.000 pessoas será a coisa difícil! Meu primeiro show será um grande festival nesse verão, então ainda tenho um tempo."


O álbum será lançado no dia 24 de julho, pela Hopeless Records, e já tem seu primeiro single disponível, 'Lowlife'.

Neck Deep Brasil. Tecnologia do Blogger.